Os custos totais no tratamento das úlceras de pressão têm forte relação entre o tempo de tratamento, o período de internação e eventuais comorbidades dos pacientes.
Dilmar Fernandes Isidoro
15 fev, 2022 | Leitura de 1 min
As internações de pacientes em hospitais e clínicas geralmente deixam traumas para as famílias e pacientes, tanto físicas quanto emocionais. Não sou profissional da saúde, tampouco do tratamento de áreas emocionais como psicologia e afins. Sou economista, minha formação acadêmica volta-se à compreensão dos ciclos econômicos e dinâmica a dos mercados que têm oscilações permanentes. Todavia, trago aos leitores reflexões acerca dos custos financeiros que, na maioria das vezes, passam despercebidos pelos familiares que são os responsáveis formais pelos internados (as).
As lesões por pressão (LPP) são eventos comuns que acometem os pacientes que ficam por muito tempo – na mesma posição – em leitos hospitalares e também em cuidados domiciliares e clínicas geriátricas. Esses eventos são lesões físicas (feridas, às vezes são enormes), que podem ser evitadas ou minimizadas.
A ocorrência desses eventos desagradáveis e tristes interfere na melhor qualidade de vida do paciente e de sua família também, impactando em elevados custos ao sistema de saúde e ao custeio privado. Devem ser consideradas neste cenário também, os traumas aos familiares das pessoas que convivem com o paciente.
Segundo a literatura, as lesões por pressão podem desenvolver-se em 24 horas ou levar até cinco dias para se manifestarem, sendo a pressão o principal agente para a formação da LPP em indivíduos que ficam impossibilitados de movimentos, que ficam expostos às áreas de compressão excessiva envolvendo os tecidos macios contra as proeminências ósseas. Isso ocorre devido a pressão exercida na pele, superior a pressão capilar normal (32 mmHg), acarretando colapso desses capilares, isto é, reduz a irrigação sanguínea que leva o tecido à hipóxia e à redução dos nutrientes daquela região. A área inflama e pode causar a morte celular e necrose celular local, desencadeando a formação da LPP. Os locais frequentes para as lesões são onde a pressão do corpo nas proeminências ósseas é maior são: região sacral, trocantérica, isquiática e calcânea.
FONTE: Domanski; Borges, 2014. Brasil, 2011; Blanes et. al., 2004.
O ideal a se fazer quando existe o risco de o paciente desenvolver lesão por pressão é a prevenção. Visando isso, o Ministério da Saúde em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) instituiu em abril de 2013, através da Portaria nº 529 o “Programa Nacional de Segurança do Paciente – PNSP”. O objetivo é o de contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, motivando melhorias à segurança do (a) paciente de forma a prevenir e reduzir a incidência de eventos adversos no atendimento e na internação, sendo a LPP um dos eventos considerados. Entre as principais ações do PNSP, está a obrigatoriedade dos hospitais e serviços de saúde possuir um “Núcleo de Segurança do Paciente – NSP”.
FONTE: Domanski; Borges, 2014. Brasil, 2013.
Segundo a literatura, o “Programa Nacional de Segurança do Paciente – PNSP” também tem finalidade de produzir, sistematizar e definir conhecimentos relacionados à segurança do paciente. Define-se como segurança do paciente a “redução a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde”.
FONTE: Domanski; Borges, 2014. Brasil, 2013.
Em 25.07.2013, a ANVISA publicou no Diário Oficial da União – DOU, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36, que institui ações para segurança do paciente em serviços de saúde, dentre outras providências. Com o objetivo de garantir o manejo mais seguro dos pacientes. O Ministério da Saúde publicou os Protocolos de Prevenção de Eventos Adversos Associados à Assistência à Saúde, sendo que um dos temas orientados é “prevenção de úlcera por pressão”. Esses protocolos têm o objetivo de estimular a prevenção da ocorrência de LPP e outras lesões de pele.
FONTE: Domanski; Borges, 2014. Brasil, 2013.
De acordo com a fonte consultada, os custos totais no tratamento das úlceras de pressão, variam de R$1.886,00 a R$4.403,00. Mas, há forte relação entre o tempo de tratamento, o período de internação e eventuais comorbidades dos pacientes.
Para escrever esta matéria inspirei-me em brilhante artigo de uma profissional da área de saúde, chamada Sara Almeida Souza Barbosa, enfermeira que escreveu o paper “Análise de custos do tratamento de lesão por pressão de pacientes internados” no curso lato sensu de pós-graduação em Assistência de Enfermagem de Média e Alta Complexidade, para a obtenção do título de Especialista em Estomaterapia, pela Universidade Federal de Minas Gerais.